quarta-feira, 23 de julho de 2008

A poesia é necessária

Paissandu


Na Rua Paissandu
Em Teresina, a história
Bêbada de sono
Chocalha os ossos do tempo

Noites antigas
Sombreiam saudosistas
Cardumes alegres
De almas errantes

Oito horas da noite e a Paissandu
Abre sorrisos nas janelas
Uma amor, outra paixão
Uma raio, outra trovão

As pernas grossas de Dorinha
Os seios altos de Lúcia
A vulva bezerro de Angélica
Três janelas, uma porta para o inferno

Dentro da noite
Todos os gatos são pardos
Todos os gestos são frágeis
Dentro dos homens

Labirinto calçado entre becos

Vitrolas t(r)ocam pares
Rivais destilam ódio
A rua: labirinto perigoso

A rua dos homens românticos
Aventureiros competentes ou traiçoeiros
Competente perigoso não é menos confiável
Que covarde perigoso

O álcool aproximando conversas
Dilatando sorrisos
Puxando briga
Deitando vítimas

O estampido da pistola avisa
Que a Paissandu é assim mesmo
Contornar uma esquina
É vencer mais uma curva do destino

F. Wilson

Um comentário:

J.L. Rocha do Nascimento disse...

poeta wilson,
na década de 60/70 a paissandu era presença obrigatória na imaginação de qualquer adolescente. O mundo era mais simples, a vida menos complexa. Pra quem de algum modo viveu aqueles dias, quando passa no cruzamento da paissandu com a joão cabral são somente fiapos de memória.