terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Escritor John Updike morre aos 76 anos

(Folha)
da Folha Online
Atualizado às 17h31.
.
John Updike, vencedor do prêmio Pulitzer, autor profícuo de cartas e crônicas sobre sexo, divórcio e outras aventuras do pós-guerra nos EUA, morreu nesta terça-feira aos 76 anos.
Updike morreu em decorrência de um câncer no pulmão, de acordo com comunicado da seu editor nos EUA, Alfred A. Knopf.
Um frequentador assíduo das listas de mais vendidos, Updike escreveu novelas, contos, poemas, críticas, as memórias ''Self-Consciousness'' e ainda um famoso ensaio sobre o jogador de baseball Ted Williams.
Updike era ainda colaborador constante da revista "New Yorker".
Convicto do trabalho duro, ele publicou mais de 50 livros em sua carreira que começou na década de 50. Updike ganhou praticamente todos os prêmios literários, incluindo dois Pulitzers e dois National Book Awards.
No Brasil
Paulo Henriques Britto, tradutor de algumas das principais obras de Updike, tinha uma relação epistolar com o autor.
"Ele era dos autores mais acessíveis. Respondia cartas através de correio tradicional", contou Britto.
O tradutor e escritor lembra ainda de uma visita que o autor fez ao Brasil. "Foi na época da
'Tetralogia do Coelho', saímos para almoçar. Ele era uma pessoa muito cordial", relembra.
Para Britto, Updike será sempre lembrado pela Tetralogia do Coelho. "Ele pega um personagem da pequena burguesia, um americano médio da região nordeste dos EUA, cujo único momento de glória foi vencer o campeonato de basquete no 'high school'."
"Ele ganha o apelido de Coelho na faculdade e só o narrador o chama assim. E há a peculiaridade de o romance ser narrado no presente", explica Britto.
Para o tradutor, que também é professor da PUC-RJ, o autor é um "ótimo criador de personagens e fino analista psicológico".
Outro ponto que Britto destaca é a proficuidade de Updike: "Ele escrevia mais de um romance por ano, contos, além de resenhas de artes plásticas para a 'New Yorker'. Ele dava a impressão de não ter tempo de mais nada na vida".

(Folha Online - Terça-feira, 27 de janeiro de 2009)

Já faz tempo que li o livro Os machões não dançam, do também americano Norman Mailer. Este, no capítulo quatro de Os machões não dançam, faz a seguinte permutação:
.
A melhor descrição que já encontrei de uma xoxota está num pequeno texto de John Updike, A mulher do vizinho.
.
"Cada pelo é precioso e individual, com um papel determinado no conjunto: louro para invisibilidade, onde a coxa e o abdome se encontram, escuropara opacidade onde os lábios tenros procuram proteção, fortes e vermelhos como a barba de um guarda florestal sob a saliência do abdome, escuro e esparso como as suíças de um Maquiavel, onde o períneo se estende na direção do ânus. Minha xoxota muda com a hora do dia e de acordo com o tecido das calcinhas. Tem seus satélites: esta extravagante linha de pêlos que sobe até meu umbigo e na parte bronzeada do meu corpo, os beijos de pelo macio na parte interna das minhas coxas, a penugem brilhante que enfeita o rego do meu fundamento. Âmbar, ébano, castanho-avermelhado, cor de louro, de castanha, dourado, castanho-claro, tabaco, hena, bronze, pêssego, cinza, chama e rato do campo: essas são algumas das cores da minha xoxota."
.
(...) Sempre vi muito mais em Cézanne depois disso, assim como compreendi que nunca tinha estudado adequadamente uma xoxota até ler Updike.
.
(...) Neste momento, por exemplo, estou imaginando a diferença entre a descrição que ele faz de uma xoxota e uma boceta real, isto é, aquela em que estou pensando agora. Pertence a Madeleine Falco, e uma vez que ela está aqui ao meu lado, tudo que tenho a fazer é estender a mão direita e sentir com a ponta dos dedos o objetivo correlatado.

Nenhum comentário: