sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Jon Lord with The Hoochie Coochie Men - Live



Jon Lord, um dos fundadores do Deep Purple, nesse show ao vivo reafirma, no estilo peculiar que o consagrou, ser um dos melhores tecladistas da música rock.
É também o guitarrista da banda The Hoochie Coochie Men, em solos abrindo caminho de uma ressonância pesada ou solidários ao choro da harmônica bluseira - há muito blues - quem segura a qualidade extraordinária desse disco.
Engana-se quem pensar ser um trabalho proporcional a batida clássica do Deep Purple. O grupo desenhou seu próprio estilo, bem-acabado, R&B para se ouvir os dois lados.
Baixem e confiram. O link é do blog xxxrockrula.

Senha para descompactar: xxxrockrula.blogspot.com

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A moça de fevereiro ou março



Berenice nasceu sob signo de aquários. Num domingo de carnaval, sua mãe, na maternidade, amamentava a filha e lia o jornal: o signo da menina previa tolerância do ser em meio a alegria.

A mãe só compreendeu aquele significado treze anos depois, numa matinal de domingo de carnaval no Jóquei Clube. Berenice se divertia com outras adolescentes quando sentiu o líquido a escorrer-lhe as pernas.
Desde então, o ciclo menstrual de Berenice caia sempre no domingo de folia. Era a pior de todas as menstruações do ano. A vagina não parava de sangrar, diariamente encharcava pacotes de absorventes.

"É a emoção do carnaval, Berenice," dizia a mãe, "tente fazer de conta que fevereiro não existe, que carnaval é ilusão."
Como? A data de aniversário, a televisão, a internet, as fantasias na escola. Tudo conspirava. Fevereiro não tem sentido.

Em 1980, já na universidade, vésperas de carnaval, Afrânio, colega de turma de Direito, perguntou:
"Gosta de carnaval, Berenice?"
"Gosto, mas não posso brincar."
"Por quê?"
Confidenciou-lhe o segredo.
"E você Já banhou na chuva de domingo de carnaval?"
"Nunca."
"Experimente, é a melhor chuva do ano."

Era meio-dia de domingo de carnaval daquele ano quando os dois abraçaram a chuva, e na chuva um beijo com gosto de sangue (ou de emoção) que escorria do nariz de Berenice.

f wilson

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Tempo de poesia

(JL e sua caçula Raissa)


os olhos nos olhos

naquele fim de tarde
ela derramou seus olhos
na direção dos meus
entre distraídos e desconsolados
com a cor do sol.

recompostos a tempo,
deu de encontrá-los a meio caminho.

ali se frearam os dois dos dois
e circularam entre si
entreolhando-se ao derredor do mais
íntimo segredo.

os dela, a seguir, se puseram
a desviar dos meus
que os perseguiu ansiosos até
alcançá-los no último degrau da alma.

esbaforidos, até das órbitas quase saltarem,
refrearam mais uma vez
tensos de medo
até que fitos os olhos nos olhos
imobilizaram-se as pálpebras.

num estudo silencioso
disseram amenidades
trocaram confidências
confessaram pecados cometidos
sonharam dias não vividos.

e assim meio afins
fizeram-se cúmplices
as pupilas dilatadas pelos desejos
rasos d’água.

e embeberam-se uns nos outros
e brilharam-se uns pros outros
e juraram-se uns aos outros.

joão luiz rocha
Picos/Teresina, 27.02.08