sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Charges de Paixão

Paixão - Jornal Gazeta do Povo. Publicado em 23/08/2011  


Paixão - Jornal Gazeta do Povo. Publicado em 24/08/2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Charges de Sponholz





* Charges copiadas do blog do autor: http://www.sponholz.arq.br/

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nani Humor


Kama Sutra

Criado o dia do hétero

* Charges retiradas do blog do autor.


domingo, 7 de agosto de 2011

Cotidiano

(Foto: André Luís, blog Joka Madruga Photos)


Calcinhas

Alberto sai do banho preso numa toalha cintura abaixo, passa a mão na bunda de Heloísa - só de calcinha, na cozinha, cortando frutas numa saladeira. Chega no quarto e abre a gaveta do guarda-roupa onde estão as peças íntimas do casal. Se assusta, como um banqueiro ao abrir o cofre,  ao ver a gaveta quase vazia.
— Heloísa, onde estão minhas calcinhas, digo, minhas cuecas!?
— Ah, fiz uma reforma no guarda-roupa. Dei para a empregada camisetas, saias, jeans, roupas que não usamos mais. E joguei fora as peças com defeito de uso. Hoje vamos ao shopping, vi numas lojas umas meias arrasadoras, você vai gostar das combinações sexy da moda.
— Não quero moda, quero as calcinhas usadas de volta. Calcinha nova não tem cheiro, nem pelinhos, nem maciez.
— Com o tempo elas vão ganhando cheiro, seu tolo. Se arruma pra gente ir, vi umas cuecas adoráveis numa dessas lojas.

O sentimento de Alberto era de quem presenciava seu cachorro morto, ou de quem teve seu carro roubado, ou de um LP do Bethô nas mãos de um inábil em direção ao toca-disco. 

— A lilás fio-dental, que visual de calcinha! Entrava tão bem nas noites de sábado aqui na nossa cama, não estou encontrando ela aqui!?
— Foi.
— E a roxinha, que apelava no seu dia de gata no cio?
— Também.
— E a branca de rendinha, da lua-de-mel, que guardava o cheiro da sua virgindade?
— ...
— As vermelhonas do TPM?
— As primeiras para a lixeira. Também a preta fio-dental que você disfarçadamente usava para ir ao trabalho, seu maníaco.
— Eu usando suas calcinhas, você está louca!?
— Não, e vê se para de ficar olhando o varal de calcinhas da vizinha do apartamento dos fundos, aquela exibicionista que anda pelada lá debaixo dos cornos do marido dela.
— Ela anda pelada em casa?
— Tá fingindo que não vê? Anda, vamos logo antes que  eu também comece a andar pelada aqui em casa.


F Wilson
    

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Tarântulas

(foto de autoria desconhecida)

Por M de Moura Filho


HELENA

Ao contista J. L. Rocha do Nascimento

"Não é por que sei que ela não virá que não vejo a porta já se abrindo"
Meu mundo ficaria completo (com você), por Nando Reis

A princípio, bêbado, o peso do mundo sobre sua cabeça, enquanto na cama, o torpor, e a evocação de Helena. Chamou-a até dormir. E teve a impressão de que ela viera, em sonho. Linda, estava como da última vez que a vira. Pareceu-lhe que reatada a linha do tempo, abruptamente interrompida com o sumiço de Helena. Ou tudo teria sido realidade? Sentia o sabor do batom que Helena costumava usar. O costado da mão convenceu-lhe do sonho.
 
Então, no dia seguinte, um amigo deu-lhe notícia de Helena. Estava na cidade, para casar com um colombiano de nome Pablo. Disfarçou o desapontamento, dizendo que agora ela cantaria boleros em espanhol impecável. O jornal, atirado pelo amigo, foi duro golpe. Ali estava ela, feliz. Foi para casa, e ouviu La Puerta repetidamente, ignorando brados de vizinhos, impassível, absorto na imagem daqueles olhos felizes e amendoados. E naquele dia não dormiu propositadamente, para sonhar com Helena, que esteve presente com ele a noite toda, revirando a cama e queimando lençóis, e, ao sol parir, aflautando canções de Chico, como costumeiramente fazia nas manhãs, depois de noites báquicas.
 
Então, escreveu: “Não dormi. Helena também não.”
Não procurou Helena. Nada, nada mesmo, tinha a lhe falar. Disse a si mesmo: estava morta. Evitou os jornais por uns dias. Debruçou-se sobre o projeto pendente, por horas a fio, todos os dias, varando a noite frente ao Autocad. E a vida seguiu seu curso, com mudanças de estações e com Maria, Rosângela, Eliza, Ana, Alice, Sônia, Edna, Lindalva, Carol, Sueli, Jaqueline, Luciana, Luíza, Teresa, Marta e...
 
Bêbado, em uma noite, lembrou-se de Helena. Evocou-a até adormecer. E Helena veio. Com ela, a chuva. Viram-na lavar a janela, e desenharam desejos no frio do vidro. Da varanda, viram, enublado, o rio, e dele não exalava a fedorentina de sempre. A cidade acordava quando ela foi embora. Viu sua imagem desfazer-se no canto do quarto, com a certeza de que sonhara. Depois, adormeceu com o cheiro de sexo emanando de seu corpo. Acordou pelos toques do telefone. Tarcísio, excitado, perguntou-lhe se já tinha visto o jornal. Não, respondeu. Então, soube que Helena estava na cidade, com o marido e a filha, Maria. Agradeceu ao amigo. Sonolento, mas praguejando por ter sido acordado para uma notícia que já sabia, pegou os jornais. Todos anunciavam a estadia de Helena na cidade. A mãe, doente, interrompera a administração da família em próspero comércio. Brincou com a situação. Disse que lamentava não ter sido poeta romântico, e morrer, depois de contrair a mycobacterium tuberculosis, apaixonado.
 
 
*Texto extraído do blog Confraria Tarântula. Postagem lá feita em 17/07/2011.