segunda-feira, 22 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Latim da sacanagem

(foto antiga em praia naturalista, sem autoria)
 
O amigo Raimundo da Costa Machado me enviou outra "saliência". Outro texto que anda veiculando por aí: em burocracias governamentais, em evasões trabalhistas, em clínicas de aposentadorias... Texto sem autoria, pois autores de sacanagens não respondem por seus escrúpulos.
Então, como é final de ano, (Ô, Machado, não problematize a palavra "ano"), é tempo mesmo de descontração, vale a postagem:

Sexo com cultura... é outra coisa...

Você sabia que antigamente na Inglaterra as pessoas que não fossem da família real tinham que pedir autorização ao Rei para terem relações sexuais?
Por exemplo: quando as pessoas queriam ter filhos, tinham que pedir consentimento ao Rei que, então, ao permitir o coito, mandava entregar-lhes, uma placa que deveria ser pendurada na porta de casa com a frase 'Fornication Under Consent of the King' (fornicação sob consentimento do rei) = sigla F.U.C.K. - daí a origem da palavra chula: FUCK.
 
Já em Portugal, devido à baixa taxa de natalidade, as pessoas eram obrigadas a ter relações:. 'Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo' = sigla F.O.D.A. - daí a origem da palavra FODA.

Por sua vez, quem fosse solteiro ou viúvo, tinha que ter na porta a frase: 'Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulação Temporária Autoinduzida = sigla P.U.N.H.E.T.A.

Vivendo e aprendendo...
A gente pode até falar palavrão, mas com conhecimento e cultura!!!!!!


Dois cds para o Natal

B B King - A Christmas Celebration of Hope

[01]. Please Come Home For Christmas
[02]. Lonesome Christmas
[03]. Back Door Santa
[04]. Christmas In Heaven
[05]. I'll Be Home For Christmas
[06]. To Someone That I Love
[07]. Christmas Celebration
[08]. Merry Christmas Baby
[09]. Christmas Love
[10]. Blue Decorations
[11]. Christmas Comes But Once A Year
[12]. Bringing In A Brand New Year
[13]. Auld Lang Syne

Postagem veiculada em 15.11.2010 no blog: we love music

Link para download:
http://www.flameupload.com/files/0UCCZUQA/BBK.XmasCelebrationOfHope.zip



Natal Bem Brasileiro

[01]. Boas festas - Maria Bethânia
[02]. Cartão de Natal - Elba Ramalho
[03]. Ó de casa - Flávio Venturini
[04]. Natal das crianças - Jane Duboc
[05]. Feliz Natal, Papai Noel - Zezé Motta
[06]. Véspera de Natal - Marcos Sacramento
[07]. E nasceu Jesus - Maria Alcina
[08]. O velhinho - Dominguinhos
[09]. Recadinho de Papai Noel - Wanderléia
[10]. Meu Menino Jesus - Célia
[11]. Feliz Natal - Miúcha
[12]. Natal - Leila Pinheiro & Francis Hime
[13]. Velho Amigo - Olívia Hime
[14]. Poema de Natal - Vinícius de Moraes & Toquinho

Postagem veiculada em 09.11.2010 no blog: sapo download

Link para download:
http://download.vipdownload.com.br/megaupload/um-natal-bem-brasileiro.html#  
(obs: espere 30 segundos e clique em baixar)

* Estes cds podem ser comprados pela internet. Acesse: amazon.com

sábado, 20 de novembro de 2010

Na sala de aula

(foto sem credibilidade nenhuma)

Para Anchieta Fernandes, meu irmão, que me contou essa história.


Cueca de bolinhas

Era um professor severo, sábio. Quanto a isso nenhum aluno questionava. Talvez a eficiência no seu processo didático se desse além da objetividade: na ausência de lirismo e até mesmo na sua desmaterialização pessoal.

Mas o modismo impõe aos tempos certas normas estilísticas exteriores ao indivíduo. E a mídia avisa infernalmente: ou você me acompanha ou é criticado, passa o vexame dos diabos. Até mesmo a sua mulher, ou namorada,  evitam sair com você.

E o cidadão que ignora a mídia, não consegue seu lugar nessa sociedade de rimas banalizadas pela moda do corte da tesoura? (Quando adolescente eu usava ridículas calças boca-de-sino e sapatos cavalo-de-pau).

Então o cidadão que se descuida da criação de acessórios fundamentais para se vestir no mundo de hoje é penalizado. Ele, crente em sua sinceridade de ordem interior, pessoal, se vestindo à jurisprudência social, acaba sendo  sacaneado pela ditadura da roupa que não mais tolera o sujeito vestir cueca de bolinhas?

Aconteceu com o professor Jurismar. Alunos do pré-vestibular ainda bocejavam na sala quando o professor entrou. A porta de entrada era pelos fundos da sala. E logo as garotas acompanharam maliciosamente o andar de bolinhas vermelhas do professor Jurismar. Nenhum sinal de atrevimento aconteceu enquanto ele fazia os procedimentos de rotina. Chamada dos alunos, novidades da matéria ( Física ), número de concorrentes no vestibular etc - sentado à mesa,  frente para os alunos que respondiam o “presente” gaguejando o sorriso de vingança tão esperado por eles, alunos.

Fatal a intenção maldosa. Bolas vermelhas se transformaram em sangue no rosto do professor que se voltou e encarou a turma, silenciada abruptamente. A  vida de professor em sala de aula é um lado de composição - no quadro; outro de consonância - frente aos alunos. Mas em dia de bolinhas ninguém escuta música, nessa festa até  Deus e o diabo fazem tim-tim. Refiro-me aos bons alunos e outros aloprados.

A desforra dos alunos feita entre-costas do professor, o barulho desses jovens, as convulsões de evadir o recinto pelo professor é tudo que  aparenta o inferno. Se a revolução tem dois começos, não se vence de um golpe só. Jurismar apelou à direção. Ao deslumbramento do vencedor,  segue sempre  a humilhação, de quem tem o total apoio da autoridade.

O diretor Evandro adentrou a sala com a cara da ordem mais velha ou mais sacra do mundo. Antes mesmo de chegar ao estrado,junto ao quadro, onde Jurismar o esperava, Jesus Cristo, um aluno, interrompeu a caminhada do diretor.
— Diretor, por favor, sente-se entre nós e assista um pouco da missão do nosso professor Jurismar.
 
O diretor olhou o professor Jurismar que assentiu ao reclame de Jesus.
— Tudo bem, professor, faça sua aula, por favor, disse o diretor.
No giro do professor para rabiscar o quadro a gargalhada se derramou mais  ainda com a presença da autoridade.
 
Apesar dos esforços do diretor para que o professor continuasse na escola, Jurismar pediu as contas.

F Wilson     

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Monteverdi - L'Orfeo - Savall

Terapeuta ao telefone

(ilustrção: Ivan Jeronimo)

O amigo Raimundo Machado me enviou o texto abaixo, sem autoria, via e-mail.
Como estamos mesmo no final do ano, é tempo de descontração, estou postando o texto neste blog, por minha conta e risco.


A competente Dra. Lúcia ( Terapeuta sexual estressada )
Responde as dúvidas de ouvintes em uma estação de rádio ao vivo!




Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Meu nome é Júlia. É verdade que a gente pode engravidar    em um banheiro público? 
Drª. Lúcia: - Sim! Acho melhor você parar de trepar lá!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é a Geisy e eu queria saber porque a fantasia dos homens é transar com nossa melhor amiga? 
Drª. Lúcia: - Nada disso! A fantasia deles é comer sua irmã mais nova, ou a mais velha, ou a do meio, ou a sua prima. A melhor amiga também, ou qualquer outra amiga...

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Me chamo Luciane e eu tenho um amigo que quer fazer sexo comigo, mas ele tem um pênis de 20cm. Acho que vai ser doloroso, o que faço? 
Drª. Lúcia: - Manda ele pra cá que eu testo pra você!!!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Eu sou a Rosa e eu queria um conselho! Como faço para seduzir o rapaz que eu amo? 
Drª. Lúcia: - Tire a roupa! Se ele não te agarrar, caia fora que é gay!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Terminei com meu ex porque ele é muito galinha e agora estou com outro. Mas ainda gosto do ex e as vezes ainda fico com ele! O que devo fazer?
Drª. Lúcia: - Quem é mesmo a galinha nesta história?

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é a Rose e eu queria saber porque os homens se
masturbam mesmo quando são casados?
Drª. Lúcia: - Minha amiga... jogo é jogo... treino é treino!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Quero saber se a primeira vez dói. Tenho 21 anos e ainda não transei porque tenho medo de doer e não aguentar...
Drª. Lúcia: - Dói tanto que você vai ficar em coma e nunca mais vai levantar... Deixa de ser fresca e dê de uma vez... ô Cinderela!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é a Bruna! Eu queria saber se posso tomar anticoncepcional com diarréia...
Drª. Lúcia: - Olha... eu tomo com água, mas a opção é sua!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Me chamo Jefferson e eu gostaria de saber como faço pra minha esposa gritar por uma hora depois do sexo!!!
Drª. Lúcia: - Limpe o pau na cortina!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Sou virgem e rolou pela primeira vez um lance de fazer sexo oral. Terminei engolindo o negócio e quero saber se corro o risco de ficar grávida. Estou desesperada!!!
Drª. Lúcia: - Claro que corre o risco de ficar grávida! E a criança vai sair pelo seu ouvido!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é o Sílvio e eu gostaria de saber porque esses furacões recebem o nome de mulheres?
Drª. Lúcia: - Porque quando eles chegam são selvagens e molhados e, quando se vão, leva sua casa e seu carro junto com eles!

Ouvinte: - Bom dia Dr.a Lúcia! Aqui é o Fred! Me tire uma dúvida... o que são aquelas saliências ao redor dos mamilos das mulheres?
Drª. Lúcia: - É escrita em Braile e significa "chupe aqui"...

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Quero saber como enlouquecer meu namorado, só nas preliminares.
Drª. Lúcia: - Diga no ouvidinho dele... "minha menstruação está atrasada"!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Sou feia e pobre. O que devo fazer para alguém gostar de mim?
Drª. Lúcia: - Ficar bonita e rica!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é a Jaque! É o seguinte... o cara com quem estou saindo é muito legal, mas está dando sinais de ser alcoólatra. O que eu faço?
Drª. Lúcia: - Não deixe ele dirigir!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é o Gabriel, me diga, porque não se pode confiar nas mulheres?
Drª. Lúcia: - Como alguém pode confiar em algo que sangra por cinco dias e não morre?

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Aqui é a Léia, me diga, porque as mulheres esfregam os olhos de manhã, quando acordam?
Drª. Lúcia: - Porque elas não tem um saco para coçar!

Ouvinte: - Bom dia Dra. Lúcia! Porque os homens adoram transar por trás?
Drª. Lúcia: - Para poder continuar assistindo TV e tomar cerveja sem que vocês vejam...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A música de todos os tempos


Joe Bonamassa

O guitarrista novaiorquino Joe Bonamassa não é só uma experiência Blues,  mas um solista que é banda rock, coral de colossais ondas sonoras, uma orquestra que vê a luz do mundo clássico.

Bonamassa nasceu em 1977 e ouviu bem as guitarras  dos grandes mestres que atuavam (e ainda tocam) nessa década de esplendor: BB King, Chuck Berry, Eric Clapton, Rory Gallagher e outros cósmicos da guitarra. 

Não é só blues, reconstrói esse estilo sem dramas, sem ordem inversa; mas num ritmo próprio, seguindo seus instintos em peregrinação de idas e voltas , às vezes em caminhadas rápidas, outras vezes parecendo ajoelhar em pedras no meio do caminho, nos braços de uma guibson.  

Baixem e confiram o cd mostrado nesta matéria. Os links para download, abaixo, são do Blob Zinhof.

Este cd está à venda pela internet. Acesse amazon.com.

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Ou

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Senha para descompactuar: zinhof

F Wilson

A poesia é necessária

(Torquato Neto. Foto: arquivo google)

Por Emerson Araújo

Neto, Torquato

um trago não é a medida certa
de cada flor
a fina flor mafrense
nasce

um olhar ao longe não é o alvo
de cada face
a tristeza tece a toada
vai

uma sacada no pleno desafio
de cada palavra
o verso virado volátil
pinta

um pulso não é o mapa na navalha
de cada mina
água açúcar anilina
turbina

um trago não é a medida certa
de cada flor
a fina flor mafrense
orla teresina.


Tuntum/Nov./2010

Texto extraído do Blog Legal.

Charge do Dia

Charge do Lute para o jornal Hoje em Dia 14/11/2010

Charge extraída do Blog do Lute, lá postada em 14.11.2010

domingo, 14 de novembro de 2010

Carlos Santana Stone Flower ( Caravanserai) a tune by Tom Jobim

Conto



(foto: shutterstock)

Por M de Moura Filho

COMO SE ESTIVESSE EM UM PAREDÃO


Aqui estou na peleja. Minha trincheira não me protege. Não há armas. E poucas artimanhas uso: frente a frente com o adversário, dele me aproximo, já perdeu, já perdeu, entôou; corro à minha trincheira, e nela, como num ritual, desloco-me entre 7,32 metros, mirando-o, parando no centro, vez por outra, quando flexiono as pernas, abro os braços e lanço o torso para frente, com confiança.

O que vem a seguir é imponderável. O certo é que já sou mártir desde quando se assentou o projétil a 11 metros de onde me encontro.  Não tenho por que (e não quero) me esquivar do tiro. Não como um suicida. Mas como super-herói, que, com os seus poderes, interrompe a trajetória do projétil, projetando-se, em voo, para um dos lados, ou mantendo-se onde me encontro.

Em simetria, recuo como o meu rival, sem dele tirar os olhos. Abro as pernas, e as flexiono; projeto-me para os lados com os braços. Movimento-me como pêndulo. O petardo é lançado. Salto. E, com as pontas dos dedos, toco-o. O bastante afastá-lo para a lateral. Uma multidão urra. Levanto-me. Sou festejado.

Em simetria, recuo como o meu rival, sem dele tirar os olhos. Abro as pernas, e as flexiono; projeto-me para os lados com os braços. Movimento-me como pêndulo. O petardo é lançado. Salto no vazio. Escapo do projétil que vaza a trincheira. Uma multidão urra. Levanto-me. Não tenho ninguém ao meu lado. 

Nem me olham.

Não, não preciso ser herói. Basta que o rival tenha o seu inferno: a minha glória.


Texto extraído do blog Confraria Tarântula, lá postado em 09.11.2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Na sala de aula

(foto web - sem créditos)

A toalha
Sandra banhava junto à pia onde lavava roupa, no quintal. Algum distraído da casa não fechou direito a cerca do coelho maneco. Foi quando o animal passou por ela e  pulou se desviando da água do banho. Sandra largou a cumbuca dágua, amarrou a toalha no corpo molhado e correu atrás do fujão casa adentro. Na calçada da rua gritou:
— Luci, olha o coelho na rua, menina!
— Mãe, a toalha!
Tarde demais, a toalha estava no chão. Num gesto de pureza, a obra-prima agachou seu corpo leitoso e se cobriu novamente. Sondou a rua certificando do flagrante: do outro lado, na calçada jogando xadrez,  só estava mesmo a molecada que ela a viu nascer, e que já estava na idade do pelo.
Marquinhos se assustou com o grito de Luci e viu a cena; mas Carlão, concentrado na sua vez de jogar,  estava de costas.
— Porra, perdi, lamentou.
— Perdeu o quê? Gritou Luci, que esperava o perdedor do jogo - Vocês sempre perderam, seus idiotas.
A menina levantou-se e correu em direção à sua casa, onde a mãe, conhecendo as pisadas firmes da filha perdera as esperanças de ter o animal de volta.

Pouco tempo depois os rapazes do xadrez bateram a porta da dona Sandra e a entregaram o coelho.
— Os meninos não viram nada, creio.
— Fique tranquila, tia Sandra, o importante é que o coelho está de volta.
— Obrigada, rapazes.
— Onde está Luci?
— Estudando. Amanhã, com certeza, ela procura por vocês.

Dias depois, era um domingo, a turma do xadrez disputava um torneio na casa de Marquinhos. Além dos três conhecidos, um convidado , o campeão de xadrez da escola, o magrelo Adonias. A dona da casa, dona Gabriela, consciente do amadorismo, da aparente disciplina, do desmanche do tabuleiro que algum revoltoso poderia provocar, assegurou as mães dos jogadores da sua responsabilidade. Claro que essas mães conheciam o poder dessa criação divina... - na culinária. De fato, as reclamações e discussões do jogo logo se calavam com a estratégica chegada de uma pizza quentinha que Gabriela, atenta na cozinha, chegava para acalmar a disputa.

Tudo corria tranquilo, até que a gata cecília apareceu para comer a carne-de-sol que Gabriela deixara sobre a mesa, picadinha, no ponto de misturar ao arroz já no fogo. Era o almoço das crianças.  Os apreciadores chamavam de super-maria-isabel, ninguém fazia igual.
Debaixo dum chuveiro no quintal da casa, acompanhando as intenções  da gata que passava, o talento moreno de Gabriela nem calculou as consequencias. Amarrou o corpo sensual numa toalha e mediu carreira. A gata abocanhara boa parte da carne e corria legítima em direção à saída que dava para a sala de estar, onde os jogadores, assustados com a turbulência, paralisaram o jogo para assistirem à cena de dimensão poética. Dona Gabriela, na entrada da sala, gritou:
— Marquinhos, pega a gata!
— Tia Gabi, a toalha!, gritou Luci.
Tarde demais, a toalha estava no chão.


F Wilson  


terça-feira, 9 de novembro de 2010

A poesia é necessária

(imagem - google)

AÇO

Moro num lugar
Corpo e alma de aço
Causa do aço
São buracos de balas
Nas vitrines de luxo
Nas cabanas do lixo
No luxo do corpo
No lixo da alma

Estilhaços
Vida ameaçada
No pedaço do mapa
Balaço
Vida perdida
No buraco do mapa

Automóvel
Concreto
Eletrônicos
Indústria do aço

Mãos ao alto!

Enquanto isso
Nuvens no céu
Suspendem sonhos
Esculturas no espaço
 
F Wilson

domingo, 7 de novembro de 2010

My Sweet Lord - George Harrison


Quase cinquenta anos da música "My Sweet Lord": Beatles (a equipe) ou George Harrison?

Quando "My Sweet Lord" disparou nas paradas musicais nas rádios do mundo inteiro, nos anos 60, nem todo mundo reconheceu a inspiração, a obra, a composição de um dos maiores episódios musicais dos Beatles.
 
Estou falando da minha teoria sem créditos. Pois todas as vezes, enquanto escuto a música, me vem a certeza de que George Harrison, o autor, chegou numa manhã aos estúdios da gravadora com a música prontinha, desenhada nos seus sonhos lá na Índia.

E entregou o projeto dessa catedral, que nem mesmo Deus mudaria uma nota sequer, ao empresário Martin, que na fumaça do seu cachimbo distribuiu cópias da música aos seus artistas cósmicos, que não vacilaram. John Lennon pegou sua guitarra, Paul ajustou o contrabaixo, Ringo sentou-se ao banquinho da bateria e gravaram o maior sucesso de todos os tempos.

Tim, tim...!

F Wilson

Yes - Owner Of A Lonely Heart

sábado, 6 de novembro de 2010

Na sala de aula

(imagem - mercado livre)

O violino

Ele chegou numa manhã de novembro, quando os professores já estavam fazendo revisão para as provas finais. Era moreno escuro e tinha cara de índio, cabelo liso caindo na testa. Parou à porta da sala, segurava um estojo de violino, disse que a diretora havia mandado ele para a sala 07. O Johane, que não tolerava atrasos de alunos, parou o pincel que escrevia no quadro e observou aquela  simplicidade rústica na porta. Balançou vagarosamente o rosto em afirmação e o menino adentrou, aprofundando silêncio nos olhos da turma. Sentou-se numa carteira dos fundos. Durante cinco minutos o professor Johane finalmente conviveu com o silêncio naquela sala. Mas precisava recomeçar a aula. O menino se chamava Aquiles.
— Aquiles de que?
— Só, respondeu.
Não ia discutir. Anotou na lista de chamada o nome Aquiles. A secretaria tomava conta dos detalhes burocráticos.
— Trouxe caderno, lápis, caneta etc.?
Abriu o estojo do violino e retirou o material.
— Toca violino?
— Quando necessário.
Aos poucos a turma se encontrou na sala de aula. Beatriz levantou a sua dor de cabeça e levemente girou os olhos verdes até o novato. Os meninos, corrompidos pela atração, deram voz. 
--- Aquiles não é nome de grego, professor?
--- Índio toca violino, professor?
--- Aprendi que índio toca flauta, tambor, pandeiro... e também...
--- A nona de Beethoven!!!
Gargalhada geral. O professor ameaçava os espertinhos. Mas a confusão já havia se firmado. Quando Beatriz, com algum esforço se levantou, e levantou o braço, a turma se calou. Beatriz não era de se levantar, muito menos de falar. Susto ou surpresa?
--- Que tal a turma pedir ao novato tocar o que estão pedindo, não é a nona de Beethoven? Então vamos pedir para ele tocar, com a permissão do professor, claro!
Johane olhou o silêncio da turma, nunca ouvira Beethoven mesmo.
--- Concedido, que toque "o nono" de Beethoven!
O novato Aquiles distendeu a cabeça, diszepou o estojo e retirou o instrumento com o cuidado que uma mãe acorda seu filho. Apoiou o violino entre seu ombro e o queixo quadrado e deitou o arco sobre as quatro cordas do violino. Numa carícia leve ele iniciou a execução do segundo movimento da nona de Beethoven. A hostilidade relaxa aos prazeres da competência. Aquiles tocou o trecho da sinfonia que todos ali pareciam fazer parte com algum instrumento da orquestra.

Outros dias se passaram na escola, mas Aquiles não levava o violino. Todos reclamavam, mas ele dizia que só em momentos necessários.
Uma vez era recreio, Beatriz dos olhos grandes verdes e de cabelos longos lisos negros se encontrava sozinha sentada num dos degraus que dava acesso ao grande palco, no pátio da escola. Aquiles, acompanhado de um pacote de biscoito de chocolate.
--- Pão ou bolacha aproximam as pessoas, sabia?
--- Li frases mais interessantes: "pão aproxima as pessoas; vinho aproxima a poesia".
--- Isso é frase de gente grande.
--- E nós só temos treze anos de idade!
--- Você ainda sente dores?
--- Ainda não, sua música vale sete dias. Mas sinto que do Natal não passo.
--- O que você prefere: Beethoven - que não é para a sua idade, é só uma recomendação ; Vivaldi, a sua gloriosa primavera, como eu gostaria ;  ou prefere ser Bach, na grande música multisecular?
--- Na hora a sua inspiração diz, tá? Me dá um beijo!
--- Ainda somos crianças, na hora eu te beijo na boca.

Vésperas do natal, Beatriz morreu. Os médicos atestaram câncer no cérebro. O rosto da menina tranquilizava a fila de olhares que ali a visitavam. Antes do sepultamento, compareceu ao velório um violinista que ali sacou, diante dos olhares disciplinados da morte, seu violino e tocou treze minutos de a primavera de vivaldi.

Nos primeiros dias de janeiro, na escola onde Beatriz estudava, estava programado a entrega das provas finais aos pais dos alunos. professores da escola fizeram "plantão" para entrega das provas. A ocasião era de plena calma. Mas o professor Johane insistia em conhecer os pais do aluno que aparecera no finalzinho do ano, em novembro. O violinista, cadê os pais do violinista! Perguntava entre filas de mães.
Apelou para a diretoria. Aquiles, o que foi feito de Aquiles?
Não havia registro de nenhum Aquiles na escola.

F Wilson

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Monteiro Lobato - Caçadas de Pedrinho

(capa: ilustração de Paulo Borges)
Por M de Moura Filho

A intolerância do Conselho Nacional de Educação
 
Tem repercutido o parecer do Conselho Nacional de Educação, por sua Câmara de Educação Básica, que concluiu ser o Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, racista, e, assim, não deve ser distribuído às escolas públicas, ou, se distribuído, somente utilizado "quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil". A provocação ao Conselho Nacional de Educação foi da combativa Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
 
O livro, publicado em 1933, que narra as aventuras da turma do Sítio na caça de uma onça-pintada, já foi distribuído pelo Ministério da Educação a colégios de ensino fundamental pelo Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE).
 
O racismo, segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação, avulta-se na abordagem da personagem Tia Nastácia e de animais, como o urubu e o macaco, invocando-se a pena de Monteiro Lobato, como em "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão"; e em "Não é a toa que macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens."
 
A autora do parecer, Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, defendeu o banimento do livro nas escolas, a menos que a obra receba nota sobre os "estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura".
 
A repercussão foi tamanha, com manifestações de inúmeros especialistas, que o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou, ontem, que não homologará o parecer referido, o que o tornará apenas como um exemplo de tentativa censura. Talvez fosse interessante aos membros do Conselho Nacional de Educação a leitura de The Language Police, de Diane Ravitch, e, assim, compreenderem que posição como a adotada remete tão-somente à intolerância.

Extraído do blog: Vida Noves Fora Zero

segunda-feira, 1 de novembro de 2010