sábado, 24 de setembro de 2011

PINK FLOYD - The Dark Side Of The Moon - Experience Version

PINK FLOYD - The Dark Side Of The Moon - Experience Version [Original recording remastered] (2011)


















Então vem a discussão, qual o melhor: studio ou ao vivo? acústico ou banda? sol ou sombra?
A questão ultrapassa a individualidade estilística e também o subconsciente acomodado nas emoções de quem assistiu a algum show motivado pelo momento.

Ora, um disco em estúdio, primeiro, espera a inspiração desejada dos seus sarcerdotes. O chato é que até a inspiração precisa de materialização. Então: qual momento a bateria vai evoluir ou sumir, o baixo-contínuo que vai apresentar o acorde necessário,  a guitarra (geralmente líder) vai apresentar sua genuína arte da fuga, o teclado vai resplandecer o produto artístico em consumo etc.

Ao vivo pode ser melhor  porque o público consagra o cantor ou grupo. Mas a música em si já está materializada, claro, os músculos de uma sinfonia seguram séculos de arte.

Link para download, porque o "blogger.com." me ameaçou, agora só vou indicando o link onde a arte está hospedada: no blog zinhof (é só abrir a janela do google.)

DISC 1 - 2011 Remaster:
01. Speak To Me 02. Breathe (In The Air) 03. On The Run 04. Time 05. The Great Gig In The Sky 06. Money 07. Us And Them 08. Any Colour You Like 09. Brain Damage 10. Eclipse

DISC 2 - Live at Wembley 1974 (2011 Remaster):
01. Speak To Me 02. Breathe (In The Air) 03. On The Run 04. Time 05. The Great Gig In The Sky 06. Money 07. Us And Them 08. Any Colour You Like 09. Brain Damage 10. Eclip


F Wilson




Bruna Lombardi

(foto: terra.com)

Dia desses topei numa rua do centro com uma ex-aluna. Ela estava suadinha, eu também com parte da camisa molhada - é calor em Teresina. Ela me perguntou sobre um certo poema da Bruna Lombardi que um dia foi tema de discussão em sala de aula. Eu havia esquecido do texto, mas ela me lembrou da personagem do poema, uma adolescente...

Ao chegar em casa procurei nas estantes o livro “O perigo do dragão”, mas não encontrei - vivo emprestando meus livros. Apelei para umas agendas antigas. Enfiado entre páginas de uma delas estava lá, copiado de bic azul, o texto datado há mais de dez anos.

No quadro de giz eu copiava o poema - esse eu sabia de cor - durante as aulas de redação, e o poema fazia bastante efeito entre alunos adolescentes que liam em silêncio, reliam sorrindo, até a  sala ficar sem controle de voz, todos queriam dizer ou perguntar sobre o poema. Devo dizer que de propósito eu trocava o pronome, no poema, "ele" por "ela".


Lúbrico

Você vai logo perceber que ele não é uma pessoa fácil
um temperamento horrível, me diziam.
e eu escrevia o nome dele secretamente
nas vidraças, nos elevadores, nos banheiros de cinemas.
Você sabe que eu também às vezes fico insuportável
com essa mania de querer o impossível
mas devia existir uma brecha nos nossos destinos
que permitisse um encontro num quarto de hotel qualquer
uma vez na vida, furtivos e ordinários
uma vez e pronto - horas roubadas.

Não tive nunca jeito de fazer essa proposta
e ele talvez nunca soube o que eu queria
carrego o lado oculto de um desejo
passo por ele, sorrio, digo bom-dia

Bruna Lombardi em "O perigo do dragão"

Jimi Hendrix - dois álbuns ao vivo relançados


Levei um tremendo susto quando vi no blog ZINHOF esses dois álbuns do Jimi Hendrix gravados ao vivo: Hendrix in the West e Live at Winterland. Susto agradável que faz estimar até aquele melhor inimigo na rua e lhe dar bom dia.

São novas edições, Hendrix in the West foi lançado em 1978 e Live at Winterland em 1987. Agora se juntaram num acordo de licenciamento de oito anos a Sony Music e a Experience Hendrix - que administra o espólio do músico.

Live at Winterland tem 35 faixas, distribuídas em quatro CDs, ou oito LPs, com 35 faixas, um livreto de 36 páginas e uma entrevista em áudio. Todo o material foi gravado nos seis shows realizados em três dias no Winterland Ballroom, em San Francisco, em outubro de 1968.

Já o relançamento de Hendrix in the West  tem 11 músicas, adicionando três faixas bônus às oito do lançamento  original, em um CD ou dois LPs, acompanhado de um livreto de 24 páginas, com imagens inéditas fotografadas por Jim Marshall.

A Legacy Records ainda prepara dois DVDs. Um deles é uma re-edição de Blue Wild Angel: Jimi Hendrix at the Isle of Wight, de 2002, e o outro se chama Jimi Hendrix: The Dick Cavett Show e será uma compilação de todas as participações do músico no programa de TV de Dick Cavett.

Os cds estão disponíveis nas lojas desde 13 de setembro.
Links para download deixam as gravadoras nervosinhas, então, para baixar os cds dirija-se ao blog zinhof (em postagem de 15.09.2011).
 Confira abaixo a lista de faixas.

    Live at Winterland:
    Disco 1 – 10/10/68 Winterland Ballroom, San Francisco
    01. "Tax Free"
    02. "Lover Man"
    03. "Sunshine of Your Love"
    04. "Hear My Train A Comin"
    05. "Killing Floor"
    06. "Foxey Lady"
    07. "Hey Joe"
    08. "Star Spangled Banner"
    09. "Purple Haze"

    Disc 2 – 11/10/68 Winterland Ballroom, San Francisco
    10. "Tax Free"
    11. "Like a Rolling Stone"
    12. "Lover Man"
    13. "Hey Joe"
    14. "Fire"
    15. "Foxey Lady"
    16. "Are You Experienced"
    17. "Red House"
    18. "Purple Haze"

    Disco 3 – 12/10/68 Winterland Ballroom, San Francisco
    19. "Fire"
    20. "Lover Man"
    21. "Like a Rolling Stone"
    22. "Manic Depression"
    23. "Sunshine of Your Love"
    24. "Little Wing"
    25. "Spanish Castle Magic"
    26. "Red House"
    27. "Hey Joe"
    28. "Purple Haze"
    29. "Wild Thing"

    Disco 4 (bônus) - Winterland Ballroom, San Francisco
    30. "Foxy Lady"
    31. "Are You Experienced"
    32. "Voodoo Child (Slight Return)"
    33. "Red House"
    34. "Star Spangled Banner"
    35. "Purple Haze"
    36. Jimi Hendrix: Boston Garden Backstage Interview

    Hendrix In The West Tracklist:
    01. "The Queen"
    02. "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band"
    03. "Little Wing"
    04. "Fire"
    05. "I Dont Live Today"
    06. "Spanish Castle Magic"
    07. "Red House"
    08. "Johnny B. Goode"
    09. "Lover Man"
    10. "Blue Suede Shoes"
    11. "Voodoo Child (Slight Return)"

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Charles Bukowski

Charles Bukowski - caricatura de J Bosco)
Cartas na Rua

A temporada de chuvas começou. A maior parte do dinheiro era consumida em bebidas, e por isso meus sapatos tinham furos nas solas e minha capa de chuva estava rasgada e velha. Em qualquer chuvarada mais forte eu me molhava pra valer: ficava com as cuecas e as meias empapadas de água. 
(...)
Quando as suas cuecas molham, deslizam e deslizam bunda abaixo, um aro molhado, seguro apenas pelo cavalo das calças. A chuva borrava os endereços de algumas cartas, o cigarro não ficava aceso. Você  tinha de ficar remexendo continuamente as revistas no fundo do malote. Era só o começo, e eu já estava cansado. Meus sapatos tinham virado uma torta de lama e pareciam botas. A cada dois passos, eu pisava em algo escorregadio e quase ia pro chão.
 Uma porta se abriu, e uma mulher idosa perguntou aquilo que perguntavam cem vezes ao dia:
-- Onde está o carteiro de sempre?
-- Dona, por favor, como vou saber?  Como posso saber? Eu estou aqui, e ele está em outro lugar!
-- Ah, você é bem valentão!
-- Valentão?
-- É.
Ri e pus uma carta empapade de chuva na sua mão. Toquei pra seguinte. Quem sabe lá em cima será melhor, pensei.
Uma outra tia, querendo ser gentil, me convidou:
-- Você não gostaria de entrar, tomar uma xícara de chá e secar as roupas?
-- Dona, não percebe que não temos tempo sequer pra segurar as cuecas?
-- Segurar as cuecas?
-- Sim, SEGURAR AS CUECAS! - berrei, e sumi de baixo de uma cortina de água.
(...)
Chegou um momento em que eu estava tão molhado que pensei que estivesse me afogando. Havia uma varanda resguardada, fiquei lá e dei um jeito de acender um cigarro. Tinha dado umas três tragadas quando ouvi a voz de uma velhinha bem atrás de mim:
-- Carteiro! Carteiro!
-- Sim, vovó? -- Perguntei.
-- Sua correspondência está se molhando!
Olhei pra mala, e , com toda razão, eu tinha deixado a tampa de couro aberta. Algumas gotas tinham caído de um buraco do teto. 
(...)


Charles Bukowski: "Cartas na Rua"


domingo, 4 de setembro de 2011

O conto policial

(René Magrite, A modelo vermelho. Pintura de 1935)


"Numa história policial, permitam-me repetir, sabemos da ocorrência do crime, conhecemos a vítima, mas não sabemos quem é o criminoso. Neste crime perfeito todos saberão logo quem é o criminoso e terão que desobrir qual é o crime e quem é a vítima. Eu apenas mudei um dos dados do teorema."
"Quem é o criminoso, afinal?", pergunta Voos.
"Eu", diz Winner.

.   .   .


"Uma porcentagem imensa de escritores escreve sem ter noção exata do seu ofício, por isso existe tanta porcaria disfarçada em literatura. Agora, nós que já ensinamos literatura - não importa que tenha sido num colégio secundário de Newton, Massachusetts, como eu, ou em Princeton, como o verdadeiro Winner -, nós sabemos o que estamos escrevendo, mesmo quando é também uma porcaria."

Rubem Fonseca no conto "Romance Negro"

Henri Miller

 (foto de autoria desconhecida)

 "Existe uma classe de homens resistentes, antiquados o suficiente para se terem mantido asperamente individuais, abertamente desdenhosos da moda, apaixonadamente dedicados a seu trabalho, imunes ao suborno e à sedução, que trabalham longas horas, muitas vezes sem recompensa ou fama, que são motivados por um impulso comum: a alegria de fazer o que bem entendem. Em algum momento ao longo do trajeto eles se destacaram dos outros. Os homens de que estou falando são identificáveis a um mero olhar: seu rosto registra algo muito mais vital, muito mais eficiente que a sede de poder. Eles não procuram dominar, mas realizar-se. Operam a partir de um centro que está em repouso. Evoluem, crescem, alimentam só por serem o que são."

Henry Miller em “Pesadelo Refrigerado”

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vitória

(Foto: blog flickr - www.flickr.com/photos/andre_lira)

Quarto dia de protesto, hoje, em Teresina, dos estudantes contra o aumento da passagem de ônibus coletivo terminou na imagem desgastada do prefeito Helmano Ferrer revogando o decreto que autorizava o aumento da passagem de R$ 1,90 para R$ 2,10, por um mês.

Depois de tantos anos sucessivos de aumento na passagem de ônibus, de prefeitos aceitando passivamente o valor estipulado pelos empresários, de protestos tímidos que acabavam em revolta silenciosa, este ano os estudantes foram às ruas organizados, decididos, atuando nos horários e em pontos estratégicos que alertassem a população. 

Não deu outra. O prefeito vendo a população agonizar no trânsito da avenida Frei Serafim na hora do rush por causa dos protestos, o assunto ampliando espaço na mídia, depredação, incêndio de ônibus na avenida. A arrogância do prefeito no início dos protestos deu lugar a uma cara de voz baixa suspendendo o aumento por um mês. Pedido de trégua, não ainda de penico.

F Wilson