domingo, 15 de junho de 2008

A poesia é necessária

Vento de junho


Vento: som do tempo
Força cativa
Tanto destrutiva
Qual música mexe teu humor?

Pipas no ar
Fogueiras ao luar
Namorados na quadrilha
Vento a balançar

Vento: sopro do tempo
Junho: compadre presente
Leve feito balão lembranças
Pipocas no coração

Vento, vento impetuoso
Chega de poeira do passado
Circula nessa poesia presente
Caipiras suados a dançar.


f. wilson
Colheita

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f.wilson

sábado, 14 de junho de 2008

Na sala de aula

Pêlos

Era a primeira vez. Ensaboei o rosto e, munido de um barbeador descartável, removi aquele disfarce natural que imacula os adolescentes. Pêlos concentrados em determinadas partes do corpo humano não é uma questão de desordem hormonal? A mulher tem mais pêlos no corpo do que o homem. A mulher deve aos cabelos, digamos, oitenta por cento da beleza que ela tem no rosto. O cabelo é a parte mais bonita no corpo da mulher: longos, caindo nos ombros ou balançando nas costas.
O púbis, naturalmente coberto de pêlos, eleva o instinto do homem a sua categoria mais primitiva que é enrijecer o membro. Mas as mulheres de hoje depilam o sexo, porque os estilistas de moda também criaram a tendência da buceta higienicamente raspada. O gênio inventor da gilete devia ser estilista. Garanto que não se parecia em nada com a foto do Blue Blaude – uma cara séria de bigodes que vinha na caixinha das antigas giletes. Lembro dessa lâmina de barbear quando meu pai deixava a caixinha sobre a pia do banheiro, antes de ir ao trabalho.
Pêlos. Um fiozinho no sexo ou no suvaco de uma criança é suficiente para a mãe vestir aquele corpo e lhes dá umas lições de moral. Em meu machismo precoce eu exigia de minhas namoradas os pêlos do sexo. Prolongamento de algo que já não pertencia a elas, mas a uma relação que era minha e delas. Era uma sensação boa poder afagar um punhado de grama sob a calcinha delas, para depois sentir a umidade que parecia vir da pureza da terra, ou melhor, do ser. Algumas, em momento de privacidade no banho, ou trocando a calcinha, esquecidas do volume negro crescendo entre suas pernas, se assustavam quando deparavam com aquilo. “Parecia uma aranha caranguejeira pendurada no umbigo”. Outras evitavam ficar despidas frente às amigas, pois sabiam da gozação que sofreriam. Buceta peluda era coisa do tempo da titia, e que a moda agora era peladinha com tatuagenzinhas em volta. Lembro da Carla, cujos pêlos pubianos se desenvolviam em abundância e rapidez, e que um dia chegou para mim: “Raspei tudo”. “Por quê?”, perguntei. “Hoje na piscina do clube, minhas amigas sorriam o tempo todo e perguntavam que volume era aquele que eu tinha dentro do biquíni”. Nesse mesmo dia, à noite, a sós na minha casa - tínhamos voltado da igreja antes dos meus pais – eu quis ver a xoxota dela raspada, mas ela não deixou, chorava dizendo que a gente precisava acabar com aquilo. Eu dizia que gostava dela e que o fato de ela ter se depilado não era motivo para terminarmos. Mesmo assim ela se foi. Telefonei-lhe depois, fiz poesias apelativas (mas sinceras), e ela nada - sabia do meu desespero. Estava decidida, irredutível, eu cada vez mais apaixonado. Hoje eu me questiono se era realmente paixão ou obsessão de vê-la naquele estado de nudez, pois sonhava deitado sobre a maciez de sua xoxota de neve, deslizando entre curvas de uma caverna rosada e aquecida.


f. wilson

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Alice Cooper


The Beast Of Alice Cooper - 1989
Ninguém precisa fazer uma seleção das melhores músicas de Alice Cooper. Nesse disco está tudo de quem conhece o talento de um dos maiores roqueiros dos anos setenta.

Na sala de aula




Quando acordei minha mãe afastava panos de cortinas da janela. O sol bateu nos meus olhos com violência. Ela falando e brigando que eu já tava atrasada para a escola, cadê minha responsabilidade, que eu já tava grande para saber a hora de acordar sozinha e que tinha dez minutos para banho-café-vestuário-e-parada-de-ônibus...
Meus olhos ardiam. Corri para o banheiro. Pelada como estava mamãe ainda me jogou uma toalha que caiu no corredor. Nem ouvi ela me xingar. Meus olhos ardiam e coçavam. Fiz o xixi mais longo da minha vida, tanta água, meus Deus, saindo da minha xoxota... Nossa! de onde tá vindo tanto pêlo?
Os olhos coçando e eu unhas neles neles. Na raiva apelei e molhei-os com urina quente, pra ver ser passava a coceira. Só fez aumentar. Levantei-me do vaso (estava entupido) transbordando de urina e olhei-me no espelho. Foi quando a mesma voz louca que anunciara minha primeira menstruação há um mês, falou:
- Te peguei, de novo, queridinha...
Era minha primeira conjuntivite...


f. wilson
P E N S A M E N T O


..............................P..E..N..T..E
.....................D..E..N..T..E
..............................N..A..M..E..N..T..E
..................................S..A..L
................,,.......N..A..C..A..R..N..E
L..E..V..A..N..T..A..M..E..N..T..O
.........................D..E
................S..E..N..T..I..M..E..N..T..O
...............S..E..N..T..E..N..Ç..A
.............................D..O..T..E..M..P..O


f. wilson

terça-feira, 10 de junho de 2008

AÇO

Moro num lugar
Corpo e alma de aço
Causa do aço
São buracos de balas
Nas vitrines de luxo
Nas cabanas do lixo
No luxo do corpo
No lixo da alma

Estilhaços
Vida ameaçada
No pedaço do mapa
Balaço
Vida perdida
No buraco do mapa

Automóvel
Concreto
Caixa eletrônico
Indústria do aço
Fábrica de tato
Cobiça
Capitalismo sem mordaça

Enquanto isso
Nuvens no céu
Suspendem sonhos
Esculturas no espaço

F Wilson

domingo, 8 de junho de 2008



Solo de guitarra na noite nua

Dedos nervosos
Buscam o acorde
Perfeito no braço
Da guitarra dançarina

Cordas de aço
Navalham digitais
Sangrando o grito
Acústico do blues

Uma voz melancólica
Deita sobre partituras
Faz parir versos e rimas
Suga o peito da noite nua

O suor escorre no rosto
Do tempo da música eterna
Salgada água da inspiração
Irrigando a criação materna

O solo de uma guitarra
Antiga pertence ao tempo
Misturo leite ao conhaque
Chupo o peito da noite nua

F Wilson

sábado, 7 de junho de 2008

DO BLOG: "VIDA NOVES FORA ZERO"







Notícias do Tarântula

A vida, meus caros, continua... e com promessas. Ontem, no primeiro dia do SALIPI, o Grupo Tarântula reuniu-se. Bezerra JP, constatou-se na reunião, estreará no Confraria Tarântula na sexta-feira próxima, com o conto Cordiais Saudações. E ficou acertado para 2009, segunda metade de março, o lançamento de coletânea de contos eróticos, quando o blog Confraria Tarântula completará um ano.

Ao artista plástico (Antônio de Pádua) Amaral, presente à reunião, foi encomendado toda a concepção gráfica do livro, com o testemunho do poeta Wilson. Agregaram-se à mesa, quando já definido o projeto, entre outros, os amigos Kenard Kruel e Renata Pitta.
Ao final, distante do Centro de Convenções, onde acontece o 6º SALIPI, como toda confraria que se preza, o Grupo Tarântula esbaldou-se em pastos e bebidas. (M. de Moura Filho)


Entrando na leitura


NA SALA DE AULA

O texto é uma viagem que obedece
A sinalização gramatical
Mas a contramão é a inspiração da poesia

Decorar uma lição
É estuprar a inteligência

Aula de matemática:
Quatro solteiras resolvem
Problema de todo número

Na leitura do texto:
O dicionário grita;
A poesia canta

f wilson




o “x” da questão


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f wilson