(foto: 1001 imagens)
Por M de Moura Filho
É UMA MANHÃ APRAZÍVEL,
pensa, enquanto, sentado no banco, observa jovens na
grama. Em pequenos grupos, ou aos pares,
mostram-se viçosos. Volta a sua atenção
ao desespero de Luísa diante da chantagem de Juliana. Não se concentra na leitura: a algazarra
juvenil o incomoda. Uma moça
olha-o. Envaidece-se. Imagina-se ainda atraente. Instintivamente, afaga o seu saco e o seu
pau. Velho saliente, ouve da
jovenzinha. As amigas, festivas,
recebem-na, e, em seguida, todas o olham. O desprezo é evidente. Sorri diante de sua capacidade de desnudá-la
por completo. A moça que o chamou de velho saliente, por exemplo, de costas,
cabelos quase a alcançar a bunda, que lhe chama a tocá-la, a abri-la. Vez por outra, o movimento do corpo torna o
seio ponteiro de uma bússola que indica o paraíso. As outras mostram-lhe as
bocetas (imagina!) saradas. Quase que
todos os seios, tão acanhados, enganosamente colocam-nas como impúberes. Uma
jovem, deitada de bruços na relva, absorta em uma leitura, faz-lhe deter sobre
a sua bunda, linda com dois montes irmãos, pronta para ser coberta. Lembra de Maria, aquela infeliz.
Miseravelmente, depois de lhe sugar suas posses e sua virilidade, deixou-lhe
apenas com HPV e a capacidade de fantasiar orgias. Levanta-se, deixando o parque para trás. Atravessa a avenida. Entra no edifício que mora. Rapidamente, adentra ao apartamento.
Displicente, lança o português sobre o sofá. Faz uma trilha com os calçados, a
camisa e a cueca, o que, no passado, não seria possível. Alcança a corda pressa
ao parapeito da varanda. Veste o laço em seu pescoço, e, povoada a memória com
bocetas, seios e bundas, salta para fora.
* Texto extraído do blog Confraria Tarântula.
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