domingo, 20 de julho de 2008

A poesia é necessária

Amanda (fragmento)

Agora uma chuva
Anunciando seus trovões
Todo ano tem seu janeiro
Diferente de ser
Todo homem tem seu jeito
.........................................
Minha mente ameaça:
Neurônios-bombas, alerta geral!

Que nada, intervalo de uma cena
Uma cerveja no bar do tempo
Girando um disco do Roberto Carlos
Em 1969
69?
Uma bolha de uva explode
No céu da minha boca
Solidão é cascalho de precipício

Amanda
vida via dourada
Namorada apaixonado do vento
A empoeirar
Gramas de beleza pela rua
(Quem era eu a persegui-la
Na tentativa
De colher um fio perdido do seu cabelo)
Era 1975
Dez anos
Antes
Trancinha era seu cabelo de menina
Que se desfez em transa
Penugem feminina
Relva abrindo em flor
Orvalho em dia de calor

TV preto-e-branco
Canal do tempo
Tela corpo belo
Pele branca
Buceta preta
Corte aberto
Hora incerta
Sexo quente
Goza lento
Cospe dentro
“Me’spe...ra...
Ama...am...ãããã...”
Anda... sua puta!

Amanda nua
suculenta
Grito puro:
Me’spe...ra...

Outra volta
No teu corpo Amanda
Qual descompasso avança
Sobre coração emocionado?
Extremidades exterminam razão
Na superfície da tua pele
Dez pontas de dedos
Mergulham no desejo
Fagulhas que tu chamas
Quantos quilômetros de pêlos
Hei de atravessar
Quantos dias quantas noites
Para jorrar dez segundos
De água abundante
A vida solavanca dentro dessas veias
Amor, sexo, amor, sexo, amor, sexo...
Pre...
enche
Pre...
nha

Fornalhas
Úmidas

Côn cavo
Con vexo
Côn cavo
Con vexo
Côn cavo
Con vexo
Côn c...
....... Ahhhhhh!

Amanda, onde estás?
O tempo voraz lambeu
O doce que tinhas na pele
E o perfume do desejo
Secou nas pétalas de uma flor
Socada entre tantas páginas
Dos contos pôrnos do Henry Miller
Ensurdecidos dos teus gemidos
Engessados de tantas quedas
Jogados da cama enlouquecida

...................................................

F. Wilson


Nenhum comentário: