quarta-feira, 23 de março de 2011

Dia-a-dia

(imagem: google)

Gravidez

Acordei de resssaca, Marcela me puxou da cama. Ela precisava chegar cedo ao hospital para fazer os exames pré-natal. Faltei ao trabalho naquela segunda-feira.

Estacionei o Fiat no acostamento de uma calçada onde uma fileira de mulheres grávidas aguardava atendimento, quando o sol subisse mais um pouco elas iam reclamar da administração, do governo, com razão. Vai pegar essa fila? – perguntei. Claro que não, o pai dela era funcionário antigo da situação.

Entramos na clínica da maternidade, cada exame em sala diferente, mas pareciam as mesmas: todas estavam abarrotadas de mulheres grávidas, agora sentadas, disciplinadas, silenciosas, acariciando suas barrigas. Esperavam com atenção a vez. As atendentes tinham cabelos oxigenados e gritava o nome da futura mãe, atrás de um balcão, ou à porta do consultório médico. Hemograma, Glicemia, Sistema ABO e Fator RH, HIV, Sorologia para rubéola, Reação para toxoplasmose, Urina, Fezes...

Olhei em volta, nenhum homem, parecia só eu assumindo a proliferação humana. Notei que as grávidas me olhavam com admiração. Será que os homens não acompanham suas mulheres em exames de perinatologia?

Deixei Marcela numa cadeira de espera e fui respirar fora da clínica. Sentei-me num banco a observar a movimentação de médicos. Eram jovens a maioria, estagiários  de plantão. Eles andavam  rápido,  eram alegres com suas pranchetas à mão. Mas havia também médicos velhos. Esses caminhavam cabisbaixo, talvez cansados do exercício da profissão. A todo instante uma ambulância despachava  grávidas à porta do hospital, algumas na iminência de parto, outras desciam da ambulância já com o bebê no colo.

Ouvi o grito de uma enfermeira, era comigo. Marcela estava sendo atendida e precisando de ajuda: alguém precisava abrir as pernas dela.


F Wilson

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